Estudos: Bem aventurados.
E Jesus, abrindo a boca, os ensinava,
dizendo:
Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles
é o Reino dos Céus.
Bem-aventurados os que choram, porque
serão consolados.
Bem-aventurados os humildes, porque
herdarão a terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede
de justiça, porque serão fartos.
Bem-aventurados os misericordiosos,
porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os limpos de coração,
porque verão a Deus.
Bem-aventurados os pacificadores,
porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que sofrem
perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. Bem-aventurados
sois vós quando vos insultarem, e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal
contra vós, por minha causa.
Exultai e alegrai-vos sobremaneira,
pois é esplêndida a vossa recompensa nos céus; porque assim perseguiram os
profetas que viveram antes de vós.
- Mateus 5: 2-12 - Bíblia KJA Offline
5.3-12 — As bem-aventuranças (do latim
beatus, que significa abençoado) englobam três elementos: um discurso de
bênção, a qualidade de vida do discípulo e a razão pela qual alguém é
considerado abençoado. O princípio da bênção é encontrado no termo
bem-aventurados, que introduz cada uma das bem-aventuranças. Era, na verdade,
uma forma de saudar alguém, de desejar-lhe bênçãos.
O segundo elemento das
bem-aventuranças não descreve vários tipos de pessoas, mas traz uma visão geral
do tipo de pessoa que herdará o Reino de Cristo (1 Co 6.10; G1 5.21). A
terceira parte de cada bem-aventurança nos dá uma visão de alguns aspectos da
chegada do Reino. E já que cada um que se enquadra nessas bem-aventuranças
herdará esse Reino, devendo ser saudado com votos de felicidade e bênção.
5.3 — Bem-aventurados os pobres de
espírito. A ideia de Deus abençoar os humildes e resistir aos soberbos também
pode ser encontrada em Provérbios 3.34 e Tiago 4-6.
5.5 — Os mansos [...] herdarão a
terra. Refere-se novamente aqueles que são humildes diante de Deus e herdarão
não somente as bem-aventuranças celestiais, mas também terão direito ao Reino
de Deus que governará esta terra. A palavra terra também é encontrada em outras
passagens com o mesmo sentido (SI 37.3,9,11,29; Pv 2.21). Encontramos aqui, no
início do Sermão do Monte, um equilíbrio entre a promessa material e espiritual
do Reino. O Reino que Jesus anunciou está tanto em vós como ainda virá. Desde
agora, o cristão é o cidadão espiritual do Reino dos céus.
5.6 — Esses futuros herdeiros da terra
recebem agora todo direito à herança de Deus, embora ainda tenham fome e sede
de justiça. Eles têm um senso muito forte de justiça, que já é por si uma
evidência do novo nascimento espiritual. Aqueles que são pobres e necessitados
em sua espiritualidade reconhecem o quanto estão famintos e sedentos pela
justiça que somente Deus pode dar. Ter fome significa estar necessitado, que se
relaciona com ter sede também; os nascidos de novo têm fome e sede (um desejo
interior veemente) de justiça de Deus. Essa fome e sede continuam por toda a
vida, embora eles sejam sempre saciados por Deus, que supre todas as suas
necessidades espirituais diárias. Essa fome e sede de justiça é o resultado de
uma vida regenerada.
Eles serão fartos refere-se a uma
satisfação plena. O salmista declarou: Pois fartou a alma sedenta e encheu de
bens a alma faminta (SI 107.9). Essa satisfação vem de Deus, pois é Ele quem
sacia plenamente Seu povo. E assim agora e será por toda eternidade na vida
daqueles que têm fome e sede de justiça.
5.7 — Os misericordiosos [...]
alcançarão misericórdia. Refere-se àqueles que nasceram de novo pela
misericórdia de Deus. E, como o amor divino foi estendido a eles, o Espírito
Santo trabalha em seu ser gerando uma misericórdia que os ímpios não conseguem
entender. O próprio Jesus se tomou o grande exemplo de misericórdia ao clamar
na cruz: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem (Lc 23.34) A forma de
ensino proverbial usada na sequência de palavras dessa declaração não deve
criar confusão; por exemplo, o cristão não demonstra misericórdia para receber
misericórdia; ele faz isso porque já a recebeu. E, enquanto continua dando
provas da graça de Deus em sua vida, ele continua recebendo essa graça. Em
outras palavras, ele não é salvo simplesmente porque demonstra misericórdia e é
bom para as pessoas; ele é bom e demonstra misericórdia porque é salvo.
5.8 — Aqueles que são realmente salvos
verão a Deus. Estes são os limpos de coração, cuja vida foi transformada pela
graça de Deus. Eles ainda não são totalmente puros, mas sua situação aos olhos
de Deus mudou. Tiveram um novo nascimento, guardam a fé e buscam a santidade. O
processo de santificação os conforma continuamente à imagem de Cristo (Rm
8.29), a qual consiste em verdadeira justiça e santidade (Ef 4.24). A pureza de
coração é o motivo de nossa eleição e o objetivo de nossa redenção. Lemos, em
Efésios 1.4, que Ele nos elegeu [...] para que fôssemos santos, e, em Tito
2.14, que Ele se deu a si mesmo por nós, para nos remir de toda iniquidade e
purificar para si um povo seu especial. Assim também nos diz Hebreus 12.14:
Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.
5.9 — Os pacificadores são aqueles que
têm paz com Deus e vivem em paz com todos os homens (Rm 5.1). São chamados de
pacificadores não porque foram regenerados pela sociedade, mas sim pelo poder
transformador do evangelho. São pacificadores porque têm em si mesmos a paz de
Deus. Receberam a paz de Cristo e se tornaram os embaixadores que levam Sua
mensagem de paz a este mundo oprimido. Somente eles serão chamados filhos de
Deus. Por meio das bem-aventuranças, Jesus deixa bastante claro que somente
aqueles que demonstram as qualidades de uma vida transformada são cidadãos de
Seu Reino.
5.10-12 — Bem-aventurados os que
sofrem perseguição. A promessa de bênção para aqueles que são perseguidos por
causa de Cristo parece a mais difícil de ser aceita, mas ela também reserva as
maiores recompensas (a primeira de muitas promessas do Novo Testamento
cumpridas em Apocalipse 22.12). Mas parece estranho realmente. Quando vemos
alguém passando por esse tipo de perseguição, pensamos: “Bem-aventurados? Acho
muito difícil!” Mas por que pensamos assim? Porque, na verdade, nossa visão não
está voltada para o Reino. Se crermos realmente no que Cristo disse aqui, isso
vai revolucionar nossas atitudes diante dos problemas. A verdade é que nossa
posição como servos no Reino e a extensão da glória que desfrutaremos nele são
determinadas agora pela maneira de lidarmos com as experiências desta vida.
Contudo, isso é muito diferente das promessas de bênçãos materiais para os
justos contidas na aliança, na qual se baseava a perspectiva materialista dos
fariseus (Dt 7-12-16; SI 84-11). Jesus usou como argumento a perseguição que
sofrêramos profetas (Hb 11.32-40). Pela primeira vez o Senhor troca a terceira
pessoa, eles, pela segunda pessoa, vós. Talvez Ele estivesse dizendo que, se
Seus servos quisessem receber as bem-aventuranças em vida, deveriam estar
preparados para sofrer perseguição. A perseguição não é algo incomum. Já a
resposta correta diante dela é! O Senhor começa Seu discurso com essa ênfase
para mostrar que ser vem antes de fazer. As vezes ouvimos que o mais importante
não é o caráter da pessoa, mas seu ponto de vista, suas ideias e atitudes. As
bem-aventuranças, contudo, refutam tal afirmação. O caráter está acima de
nossos pensamentos e crenças.
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